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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Moedas somem e comércio sai à ‘caça’ dos níqueis para dar troco

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16/10/2014 07h41 – Atualizado em 16/10/2014 07h41

Eles pedem para consumidores pagarem contas com moedas para facilitarem troco.

Valéria Araújo

As moedas principalmente de R$ 0,50 e de R$ 1 sumiram do comércio de Dourados e começam a causar prejuízos, já que muitos consumidores não aceitam a antiga tática da “balinha” ou da raspadinha como troco. Para driblar o problema vale tudo. Os comerciantes e lojistas dão largada a “caça” aos níqueis e apelam até as igrejas para conseguirem os trocados.

É o que aconteceu com o proprietário da Lotérica 500 Milhas, Mariano Cândido de Arruda. Ele conta que há um mês teve que correr na “vizinhança” para conseguir troco. Foi em depósitos de bebidas, bares e sorveterias, mas não adiantou porque os demais segmentos também estavam com dificuldade de troco.

Ele diz que a falta de troco gera um desconforto grande aos consumidores. “Houve um dia em que só tínhamos moedas de 0,5 centavos e os clientes ficavam chateados quando recebiam aquele bolo enorme de moedas porque haviam esgotado as outras opções de moedas. Imagine dar R$ 1 real que fosse de moedas de 0,5 centavos?, indaga, observando que temia perder clientes por conta do impasse.

Mariano acredita que as lotéricas sejam alguns dos segmentos mais afetados pela falta de moeda. “Todas as contas do brasileiro, seja de água, luz, telefone e impostos chegam com centavos finais para o pagamento e com isto exige os trocos pela lotérica em praticamente todas as transações”, destaca.

Mariano conta que para amenizar o problema resolveu adotar uma prática que está dando certo em outros municípios do Estado, que é o de pedir para os clientes pagarem suas contas com moedas e com isto facilitar o troco. “Afixamos cartazes solicitando as moedas e a população começou a nos atender, trazendo para a lotérica as moedas que tem em casa”, conta.

O gerente financeiro do Supermercado Big Bom, Alexandre Daniel Dutra, diz que também adotou a prática dos cartazes solicitando que a população pague com mo-edas para facilitar o troco. Ele diz que há dois meses está sentindo mais intensa-mente a falta dos níques no comércio e que chegou a percorrer igrejas e sorveterias em busca dos trocados.

ACED

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (Aced), Antônio Nogueira, pede para a população de Dourados “quebrar” os “porquinhos” e pagar as contas com as moedas para ajudar na circulação dos níqueis. “Muitas pessoas tem a prática de adotar os cofrinhos para guardar as moedas e com isto diminui a circulação do troco no comércio. Estamos pedindo para que o dinheiro do cofrinho vá para o banco para que as moedas cheguem ao comércio. È um apelo que fazemos a cada cidadão”, solicita.

Causas

As causas para o sumiço do troco são os cortes sucessivos no orçamento do Banco Central. Sem recursos, a instituição foi obrigada a reduzir as encomendas de moedas para menos de um terço dos pedidos feitos no ano passado, conforme in-formou o Jornal O Estado de São Paulo. Em cédulas, foram solicitadas menos da metade das unidades de 2013, segundo o contrato firmado entre o BC e a Casa da Moeda, responsável pela fabricação de dinheiro no País.

No ano passado, a Casa da Moeda produziu 3,15 bilhões de cédulas e 2,3 bilhões de moedas de todos os valores para o BC. Neste ano, a previsão é fabricar 1,2 bilhão de cédulas e somente 945 milhões de moedas. Essas são as quantidades previstas em contrato para todo o ano. Mas, passados nove meses, a fabricação está muito abaixo dessa previsão. E o orçamento destinado para esse fim já foi praticamente todo gasto.

De janeiro a setembro, a Casa da Moeda produziu 654 milhões de cédulas e 286 milhões de moedas, quantidade significativa-mente inferior à dos últimos anos. Em 2012, foram 2,8 bilhões de cédulas e 1,2 bilhão de moedas. Até o momento, porém, não há evidências de que essa produção menor tenha se refletido em diminuição da base monetária – o dinheiro em circulação. Uma hipótese para isso é que, para economizar, o BC tenha, por exemplo, mandado imprimir uma nota de R$ 100 no lugar de cinco de R$ 20 ou de 50 de R$ 2.

Corte

Defensor da austeridade fiscal do setor público para a contenção da inflação, o BC provou do próprio “remédio”: o orçamento da autoridade monetária com custeio administrativo e despesas com investimento foi cortado em 28% neste ano.

Dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que, para a produção de cédulas e moedas, o Departamento de Meio Circulante teve aprovados R$ 208,1 milhões em 2014. Nessa conta estão também a pro-dução de moedas comemorativas, como as da Copa do Mundo, que são mais caras. Desse valor, R$ 205,6 milhões já foram gastos até o dia 10 de outubro. Em 2013, o orçamento para a fabrica-ção de dinheiro foi 500% maior: o BC tinha R$ 1,261 bilhão, do qual R$ 1,234 bilhão foi efetivamente gasto.

Foto: Marcos Ribeiro Comerciantes afixam cartazes solicitando que consumidores paguem contas com moedas.

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