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sexta-feira, 26 de abril de 2024

O desafio da mobilidade: para onde vai Dourados?

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21/05/2015 15h03 – Atualizado em 21/05/2015 15h03

Flávio Verão

Os problemas e soluções para a mobilidade urbana nas cidades brasileiras vem sendo discutidos há muito tempo. Apenas discutindo. Resultados pouco vemos e quanto mais o tempo passa o caos tende a se agravar. E Dourados, cidade de médio porte, com 210 mil habitantes, como que está?

Se sair às ruas e perguntar para a população, reclamações não vão faltar. Alias, reclamação é o que mais se vê. Até dizem que brasileiro gosta de reclamar. Independente da situação, se está bom ou ruim, é fácil observar que a cidade cresceu muito nas últimas duas décadas e a mobilidade urbana pouco ou quase nada acompanhou.

Dourados, que chegou a ser conhecida como cidade das bicicletas, hoje praticamente expulsa os poucos ciclistas que disputam as ruas com os veículos, pois assim como na maioria das cidades, as ruas foram projetadas para o tráfego de carros.

Bairros novos ultrapassaram as rodovias e quem mora nesses locais são obrigados a arriscar diariamente o mesmo espaço com carretas e demais veículos que passam pela cidade em alta velocidade, para seguir viagem.

No centro e bairros os desafios são grandes. Tapumes de obras ocupam as calçadas e jogam pedestres para as ruas. Os pedestres, por sua vez, cruzam fora da faixa, que embora não garanta nenhum tipo de segurança, é a forma adequada imposta em lei para favorecer a travessia de uma rua.

Condutores de veículos já não encontram vagas para estacionar. São tantos carros pelas ruas. Muitos motoristas, apressados no dia a dia, se acham donos das ruas e avançam o direito dos menores: motociclistas e pedestres. Parece até que prevalece a lei do maior.

Quanto aos motociclistas, o veículo parece que, realmente, para muitos, foi feito para poupar tempo. Com isso vem o zigue-zague, a ultrapassagem indevida. E o transporte público?. Ele é tão pouco utilizado. Talvez seja por isso que os ônibus demoram para passar nos pontos, ou vice-versa.

E as calçadas? Parece que alguns moradores as adotam como se fossem os proprietários. É comum ver barreiras arquitetônicas em muitas delas. E como resolver tudo isso? De quem é o problema?

O assunto é complexo e vai além de adaptação do trânsito, de organização da cidade. É preciso a colaboração de todas as pessoas para que realmente funcione. O arquiteto e urbanista Luiz Carlos Ribeiro será um dos palestrantes de um seminário que será realizado em Dourados nos dias 19 e 20 de junho, sobre mobilidade urbana. O evento, uma promoção do deputado federal Geraldo Resende (PMDB), contará também com palestra de Darlo Reis, secretário nacional de Transportes e Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades.

Segundo Luiz Carlos um dos maiores problemas das cidades é a falta de um Instituto de Planejamento, com técnicos capacitados para se pensar na cidade num todo, a curto, a médio e a longo prazo. “O que não pode é um prefeito querer projetar a cidade apenas para os 4 anos de sua administração e o outro que entrar não dar continuidade no trabalho”, disse ele, questionando ser esse é um dos grandes problemas para não resolver ou colocar em prática soluções para mobilidade urbana.

Com o Instituto de Planejamento, segundo ele, seria criado projetos com base na lei de uso de solo, do plano diretor. Sem técnicos e equipes competentes as cidades pecam e os gestores que nela estão fazem o que querem, de forma empírica.

Luiz Carlos condena em Dourados a faixa de ciclistas destinada apenas aos domingos na avenida Marcelino Pires, a principal da cidade. “Isso é um absurdo, a ciclofaixa não pode ser vista como um passeio, ela deve ser integrada na cidade”, disse ele, que questiona, ainda, a onda de semáforos. “Isso deve ser feito de forma muito bem planejada, pois quando ele é colocado num cruzamento o problema de tráfego é empurrado para a outra esquina”, observa.

Outro grave problema existente em Dourados e que já vem penalizando muitos moradores é o crescimento desordenado da cidade, sem se pensar na mobilidade urbana. Com a ampliação do perímetro urbano, lotes imobiliários estão sendo construídos em regiões sem nenhum tipo de planejamento. “Vejo tudo isso como especulação imobiliária”, diz o arquiteto, exemplificando a região do jardim Guaicurus, a que mais cresce em moradias populares, sendo cortada pela BR-163 e MS-156.

Sem vias de acesso, moradores são obrigados a usar as rodovias de trânsito rápido. Outras regiões também se desenvolvem, como o prolongamento da avenida Marcelino Pires e a rodovia de acesso ao aeroporto, mas a mobilidade urbana não acompanha o desenvolvimento do município.

Tapume

Ciclista divide uma das faixas da avenida Marcelino Pires que praticamente é exclusiva para veículosFoto: Divulgação/Assessoria

calçadas em bairros de Dourados estão cheias de barreiras arquitetônicasFoto: Divulgação/Assessoria

Acessibilidade também é outro grande desafio para quem tem problemas de locomoçãoFoto: Divulgação/Assessoria

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