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sexta-feira, 26 de abril de 2024

O político que ia ter nome de ditador conta a saudade da Dourados

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22/11/2015 08h41 – Atualizado em 22/11/2015 08h41

O político que ia ter nome de ditador conta a saudade da Dourados de sua infância

Assecom

A memória dos que conhecem a fundo a história da cidade e deram sua contribuição para construir o município que temos hoje é valorizada pela prefeitura através do projeto “Dourados 80 Anos – Eu conto essa história”. De participação ativa no desenvolvimento da cidade, Sultan Rasslan conta sua trajetória e as personalidades que por aqui passaram.

Professor aposentado e douradense de nascimento, Sultan teve participação ativa na política sendo vereador, presidente da Câmara Municipal e deputado estadual. Ele é filho de Salomão Rasslen e vive até hoje com a esposa Irene que conheceu em Dourados, cidade na qual constituiu família.

A admiração que ele tem pelos “antigos” da cidade e a saudade dos tempos em que era um garotinho são lembrados pelo pioneiro. Ele conta que morava em frente à praça Antônio João e quando ouviam uma gargalhada lá para os lados da Cabeceira Alegre já sabiam que estava chegando à cidade Ramão Cambota. “Não sei se está vivo”, conta ele.

Também conta a saudade das mulheres de Dourados, dona Gertrudes (a parteira que o viu nascer), dona Boneca, dona Genoveva de Matos, dona Belinha, são apenas alguns dos nomes citados por ele.

Quando o tio de Sultan, que se chama Aniz, foi buscar o pai dele (Salomão) para morar a Dourados em 1935, o outro tio Manoel Rasselen já vivia aqui também há alguns anos, foi quem comprou a primeira casa construída por Januário de Araújo. Quando estavam entrando na cidade, estava acontecendo um imenso tiroteio.

Diante disso, os dois irmãos correram para se esconder, pensando “credo é a revolução”, acostumados com a pátria deles que era o Líbano, palco de várias revoluções pelas quais passaram. No entanto depois foram perceber que se tratava de uma comemoração. “Não era nada mais, nada menos, do que a população de Dourados comemorando naquele final de 1935 a emancipação política do município”, conta ele. O telegrama do então governador Mário Correia, havia acabado de chegar com a notícia.

Sultan ainda lembra que frequentava a igreja e quando voltava para casa era pela chamada “Rua de Traz”, hoje nomeada Weimar Gonçalves Torres. Ela também era chamada de “Rua dos Velhacos”. A alcunha se dava porque as pessoas faziam suas dívidas na avenida Marcelino Pires (onde se concentrava o comércio) e passavam pela rua de traz para fugir dos credores.

Lembra-se ainda de seu Xavier, paraguaio que tinha uma padaria que quando garotinho Sultan atravessava a rua para comprar pão sovado. Também se lembra do seu Gaúcho que tinha um açougue onde ele comprava carne a pedido de seu pai para levar para casa.

Sultan e seu irmão gêmeo nasceram em 1939. Ele conta que o tio Aniz dizia à sua mãe quando ela estava grávida esperando os dois caçulas: “passa para lá, passa para cá. Você vai ter dois filhos homens e um é meu. E vamos pôr o nome de Hitler e Mussolini”. Detalhe: a guerra estava iniciando e estes nomes eram os mais falados na política internacional. “Olha só que coisa absurda”, comenta Sultan.

Ele lembra ainda que o Joaquim Guela foi quem não permitiu por se tratar de ser um nome estrangeiro. “Nome estrangeiro não senhor Aniz, vamos colocar Sultan e Emir Guizi”, teria dito Joaquim. Sultan conta que na verdade ele não queria era colocar o nome “desses loucos fascistas que estavam acabando com a Europa”. “Graças a Deus eu não tenho esses malditos nomes”, relata o pioneiro.

Sultan recorda que seu pai Salomão teve comércio em Dourados em frente à praça Antônio João e teve sete filhos (cinco rapazes e duas moças). Da praça, Sultan lembra que era lugar para jogar bolas de gude, empinar pandorga e brincar de pique-salva. A primeira luz elétrica foi o tio dele Manoel Rasselen que providenciou. Usando máquinas de arriz e seu motor, colocou em algumas quadras. Isso antes da instalação da Usina Filinto Muller nos anos 40. Manoel chegou em 1917.

Irene, esposa de Sultan, recorda que era possível escutar a voz das pessoas ao longe e que as crianças eram chamadas para a escola Erasmo Braga pelo sino. “Batia no horário de entrada e saída, guiava as crianças”, relata.



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