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Confira ‘Jogos perigosos, adolescentes e diálogo’

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Confira o artigo ‘Jogos perigosos, adolescentes e diálogo’

22/05/2017 08h09 – Por: Eduardo Marcondes*

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem alertando os pais e responsáveis sobre a importância do diálogo com as crianças e adolescentes para evitar a exposição desse grupo vulnerável às comunidades ou “jogos” em ambiente virtual (sites, redes sociais, grupos WhatsApp) que estimulam a prática do suicídio, da automutilação e da participação em atividades de alto risco, entre outros problemas.

A SBP está preocupada também com o modo como a imprensa e os formadores de opinião abordam o problema. O alerta, que também é direcionado aos pediatras, vem junto a uma série de situações relatadas recentemente no Rio de Janeiro, Mato Grosso e Paraná. Nestes Estados, as autoridades policiais apuram casos de suicídio de jovens, após suposta exposição a este tipo de conteúdo inadequado.

A morte de adolescentes é o ápice de uma escalada de agressão e assédio, que inclui o estímulo à automutilação e a participação em outras situações de risco, havendo vários fatores determinantes e individualizados. De acordo com a Safernet, organização não-governamental que acompanha o tema, esses jogos não são fenômenos novos ou desconhecidos, principalmente no exterior. Contudo, a ONG chama a atenção para um ponto chave: o papel da imprensa no enfrentamento do problema.

Em texto divulgado em seu site, a Safernet informa que rumores falsos de suicídios de 130 adolescentes russos por conta da participação neste suposto “jogo”, chamado pela imprensa de “Baleia Azul”, foram objeto de repercussão em uma grande emissora na TV aberta, no Brasil, o que aguçou a curiosidade da população. De acordo com a entidade, isso fez com que as buscas de informações sobre o tema aumentassem geometricamente. Além disso, a imprensa nacional contribui com a difusão dos conceitos ao detalhar de forma didática como se engajar nessas comunidades e quais os ‘desafios’ para chegar até o fim do game”.

Ao tratar do tema, os veículos de comunicação brasileiros não destacaram a importância de buscar ajuda de profissionais e do diálogo entre os jovens e suas famílias. Também passou ao largo da necessidade de estarmos atentos aos problemas comportamentais e à vulnerabilidade de crianças e dos adolescentes, o que exige medidas de prevenção e de controle por parte do Estado e da sociedade.

Neste contexto, orientamos os pais, a imprensa e a sociedade, inclusive as próprias crianças e adolescente, a tratarem o tema com a máxima cautela possível. Isso implica em evitar o tom sensacionalista e buscar, sobretudo, a adoção de medidas de prevenção para evitar que essa exposição indevida produza novas vítimas. Esse cuidado é fundamental para impedir a disseminação desses supostos jogos e o surgimento de uma onda de pânico.

O tema deve ser tratado com merecida sobriedade. Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, dão conta de que 11% das crianças e adolescentes entrevistadas em pesquisa sobre o assunto relataram ter acessado páginas que ensinavam formas de se machucar e 6% orientavam sobre como cometer suicídio. Esses percentuais representam um alcance de mais de 2,5 milhões de crianças e adolescentes no País. Trata-se de um problema de saúde pública, pois o suicídio é considerado uma forma de violência autoafligida. São mortes que podem ser evitadas com a ajuda de suporte familiar e social, e não devem ser tratadas com comentários pessoais ou opiniões sem qualquer fundamento ou pesquisa.

O suicídio e a automutilação devem ser vistos como problemas de saúde pública, portanto devem ser estabelecidos programas de prevenção multidisciplinares, incluindo a participação de profissionais de diferentes áreas, em especial de médicos. A família, a escola, o poder público e a sociedade em geral devem dar atenção aos grupos mais vulneráveis da população, sobretudo adolescentes com histórico de depressão, tentativas de suicídio e outros sofrimentos psicológicos graves.

Segredos, tabus e ordens sem mediação em família aumentam a sensação de opressão do adolescente e as proibições sem justificativas podem ser contraproducentes. Os pais devem assistir filmes ou jogos online com seus filhos e saber ou comentar sobre os conteúdos que abordam violência ressaltando os cuidados de proteção. Sinais de tristeza, depressão ou angústias e transtornos de comportamento devem ser motivos de conversa. É importante estar próximo dos adolescentes e verificar que tipos de lazer virtual buscam nas redes sociais e reforçar as regras de senhas de segurança, privacidade e bloqueios de mensagens indevidas ou não solicitadas.

Profissionais, como nós pediatras, devem ser consultados na existência de dúvidas sobre o tratamento adequado nessas situações. O acompanhamento do uso da internet, das redes sociais e dos grupos de WhatsApp por crianças e adolescentes deve ser feito de forma clara e transparente pelos pais e responsáveis. A proibição de acesso ou o confisco de aparelhos são medidas pouco efetivas e que podem ser substituído por diálogo e cumplicidade, o que ajuda na prevenção de riscos e fortalece vínculos de confiança que devem existir entre pais e filhos e alunos e professores. O diálogo é o melhor remédio.

*Pediatra

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