De 30 de agosto a 3 de setembro de 2010 a UFGD sediou a 13ª edição das Jornadas Internacionais sobre as Missões Jesuíticas. Essas Jornadas realizam-se de maneira itinerante e contínua desde 1982 e reúnem os principais especialistas no assunto, especialmente aqueles oriundos da América Latina. Embora a problemática central do evento gire em torno das Missões Jesuíticas do período colonial, as Jornadas têm dado espaço às missões não jesuíticas entre os povos chamados guarani, assim como às outras missões entre outros povos indígenas históricos e contemporâneos. Essa abertura temática e temporal vêm se tornando mais explícita nas últimas edições do evento, tendo marcado também a realizada em Dourados.
Ainda como atividade das XIII Jornadas, a comissão organizadora tem o prazer de lançar a obra Fronteiras e Identidades: encontros e desencontros entre povos indígenas e missões religiosas (São Bernardo do Campo, Nhanduti Editora, 2011, 352p.). O livro, organizado por Graciela Chamorro, Thiago Leandro Vieira Cavalcante e Carlos Barros Gonçalves, reúne conferências apresentadas no evento e alguns trabalhos debatidos nos simpósios, que foram correlatos aos temas das mesas. Os diversos trabalhos discutem o papel ambivalente e contraditório desempenhado pela missão, que, em algumas vezes, contribuiu para a desintegração cultural e a submissão dos povos missionados ao domínio colonial e, em outros casos, evitou a destruição física e o desaparecimento desses povos. Os trabalhos levam em conta a complexa dinâmica que caracterizou o processo de contato, conversão e reelaboração cultural resultante e abordam os processos de disputa, negociação, tradução e troca entre lideranças indígenas e agentes da missão.
Os capítulos foram agrupados em seis partes por afinidades temáticas. A primeira parte traz reflexões sobre fronteira, identidade e poder entre os agentes da colônia e os povos indígenas e abriga textos de Guillermo Wilde, Elisa Frühauf Garcia e Jaime Valenzuela Márquez. Na segunda parte, os textos de Adone Agnolin e Fernando Torres Londoño mostram as convergências e divergências na ação missionária dos jesuítas, mundo afora. Na terceira parte, os capítulos escritos por Isabelle Combès, Erneldo Schallenberger e Thiago Leandro Vieira Cavalcante tematizam conflitos e mitos que fizeram parte da ação e do imaginário dos conquistadores. Na quarta parte da obra, Paulo de Assunção, Carlos Page e María Laura Salinas estudam o patrimônio, a propriedade e as atividades econômico-administrativas nas missões. A quinta parte abriga os trabalhos de Mario Polia e Paulo Suess, que tratam das missões religiosas e das cosmovisões autóctones. Já na sexta e última parte, Bartomeu Melià, Maria Cândida Barros e Sieglinde Falkinger analisam o corpus resultante do registro escrito do guarani (e espanhol) jesuítico, da língua geral amazônica, da língua chiquitana e de sua possibilidade de uso na pesquisa histórica.
A obra foi publicada com recursos do Programa de Apoio a Eventos (PAE) da CAPES e com recursos da UFGD e será distribuído gratuitamente para bibliotecas de instituições de pesquisa, universidades, arquivos e centros de documentação, entre outros. Até as próximas Jornadas em 2012, esperasse publicar outros dois volumes contendo trabalhos apresentados nos simpósios, que sejam selecionados pelo Comitê Científico. Com parte dos recursos angariados da inscrição ao evento, a Comissão Organizadora Local das Jornadas está finalizando a compra de livros e documentos históricos publicados relativos à História Indígena e à História Regional, os quais serão doados ao Centro de Documentação Regional da Faculdade de Ciências Humanas da UFGD.
