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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Familiares, amigos e fãs se despedem do poeta Manoel de Barros

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13/11/2014 18h21 – Atualizado em 13/11/2014 18h21

G1/MS

O corpo do poeta Manoel de Barros é velado, na tarde desta quinta-feira (13), no cemitério Parque das Primaveras, em Campo Grande. Familiares, amigos e fãs estão no local para dar o último adeus ao poeta, que morreu às 8h05 (de MS) no Proncor, onde estava internado. A capela onde está o caixão foi isolada para a família.

A filha do poeta, Martha de Barros, afirmou que é um sentimento de que ele descansou e que ele deixou uma obra linda. Tímida igual ao pai, Martha recitou um dos versos que ele mais gostava. “Do lugar onde estou, já fui embora”. Ela agradeceu carinho de todos.

O artista plástico e amigo da família, Jonir Figueiredo, disse que teve convívio de cerca de 30 anos com a família e que, há três anos, homenageou Manoel em exposição no Marco. Ele fez uma mandala do caramujo-flor, que era o apelido o poeta. “O caramujo-flor é aquele bichinho que, quando alguém se aproxima, ele se esconde. O Manoel era assim, tímido”, afirmou, completando que considera que os 97 anos de Manoel foram muito bem vividos.

Maysa Barros, nora de Manoel, era casada com João Venceslau, filho caçula do poeta que morreu em 2007 em um acidente de avião, e comentou a convivência com o sogro. “Era muito prazerosa, ela era muito querido, sempre tinha palavra amiga, além de ser carinhoso e divertido.”

O neto Felipe de Barros relatou que Manoel tinha ficado mais cansado e saía menos de casa desde a morte do filho. “Na verdade, ele estava preso no próprio corpo”, declarou, completando que, além de um avô, perdeu um amigo.

A princípio, a esposa do poeta, Stella de Barros, de 93 anos, não ia ao velório, mas decidiu ir para dar beijo de despedida no marido. Eles ficaram casados por 64 anos.

Palmiro Anastásio dos Santos, de 67 anos, é amigo e se considera filho de criação e de coração de Manoel de Barros. Morava e trabalhava na fazenda dele, em Corumbá. “Ele era como uma árvore no meio do campo, não tinha maldade. Hoje eu vim aqui para ver ele pela última vez. Ele deixou uma lembrança, que eu nunca vou esquecer”.

A compositora, musicista e escritora Lenilde Ramos também foi ao cemitério para se despedir do poeta, que conheceu em 1970.

Vamos falar do Manoel sempre no presente, porque a obra, o trabalho dele permanece e vai ser assim para sempre. Para mim, ele era como um grande alquimista, que transforma metais simples em ouro. Na arte, a gente vê o surgimento de muitas tendências, a gente vê artistas seguindo essas tendências, mas é difícil surgir um elemento novo. O Manoel era esse elemento novo. Ele era um alquimista das palavras”, declarou Lenilde.

Única irmã do poeta, Eudes de Barros Baltar, de 88 anos, destacou que Manoel era um irmão maravilhoso. “Vou ter saudades da pessoa, do sorriso, dos conselhos, de tudo.”

O vice-presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Abrão Razuk, pontuou que a morte do Manoel de Barros é uma perda irreparável para a literatura universal. “Hoje, seus escritos são universais, eles saíram da base física do Pantanal e hoje pertencem ao mundo. Toda a obra dele é produto de uma grande genialidade, ele era um gênio da literatura”, declarou.

O presidente da academia, Reginaldo Alves de Araújo, destacou que Manoel de Barros “é a estrela maior” dos poetas contemporâneos. “Manoel é um poeta diferenciado que fez com que o Brasil inteiro conhecesse, em verso, o que é o Pantanal.”

A diretora-presidente da Fundação Municipal de Cultura (Fundac) de Campo Grande, Juliana Zorzo, foi ao velório e disse que Manoel de Barros foi um dos maiores poetas do país e que é um orgulho muito grande para Mato Grosso do Sul. “Vamos trabalhar para perpetuar o nome dele, assim como as obras dele e tudo o que ele produziu”, afirmou.

Manoel de Barros deixou esposa, uma filha, sete netos e cinco bisnetos.

Corpo do poeta Manoel de Barros é velado em cemitério (Foto: Lucas Lourenço/G1 MS)

Manoel de Barros

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