19/03/2014 17h48 – Atualizado em 19/03/2014 17h48
Hakeito Almeida/O Progresso
“A noite minha mente viaja/Sorrateira me acha/ Borralheira em casa”; “Amor absoluto/Antes de mais nada/ Depois de menos tudo”. “Cometa loucuras/Esplenda com as estrelas/Enamore à sombra da lua/Coloque de lado as tristezas”.
Estas “poesias ilustradas” feitas em guardanapos de papel vem conquistando seguidores na Internet. A conta no Instagram @guardadosemguardanapos é mantida pela artista plástica Andréa Queiroz Alves de Dourados.
“Tudo começou quando minha sobrinha arquiteta que mora no Rio de Janeiro estava me visitando no fim do ano passado e me falou de um artista que faz desenhos em guardanapos. No dia seguinte, eu havia feito mais de dez desenhos. Ela viu os versos nos guardanapos e me incentivou a divulgá-los em redes sociais”, conta.
Andréa criou de forma despretensiosa a conta no Instagram em novembro e já contabiliza atualmente mais de 498 seguidores. “Já são mais de 219 publicações, perfazendo mais de uma postagem por um dia. Utilizo guardanapos de papel de várias marcas e canetas hidrográficas, tipo gel e permanentes”, detalha.
A delicadeza e a identidade atraente e simples dos desenhos e versos dos guardanapos de Andréa vem chamando a atenção na rede social. “As pessoas se sentem atraídas e se identificam com o conteúdo, geralmente inspirados em sentimentos, o que tem feito surgir outros processos de criações com outros tipos de materiais. Uma proprietária de uma pousada em Salvador entrou em contato comigo, pedindo para realizar testes com impressão em azulejos. No mês passado, recebi uma encomenda de criação de um guardanapo exclusivo para São Paulo e o trabalho final foi impresso em tecido e emoldurado”, revela.
A vocação de Andréa para o desenho vem desde a infância vivida no Rio de Janeiro. “Desenhava com carvão nos muros, com gravetos na areia ou com qualquer tipo de lápis, tinta ou canetinha, em qualquer superfície que encontrasse pela frente”, recorda.
Andréa é formada em Educação Artística pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), é Mestre em História pela UFGD e sócia proprietária da Livraria Canto das Letras.
A busca por referências textuais e visuais da artista plástica é reconhecido por quem circula pela Praça Antônio João em Dourados. Nos últimos três anos, os quatros pórticos instalados no local levam a sua assinatura. Trabalhando com artes gráficas, ela decorou os painéis com temática natalina e homenagem ao poeta sul-matogrossense Manoel de Barros.
“Eu continuo fazendo Arte o tempo todo. Seja nas pinturas em telas, grafites em muros, na Publicidade, fotografia, teatro, ilustrações de livros e, ultimamente, venho me dedicando a fazer poesias ilustradas em guardanapos”, ressalta.
Sutilezas
O poeta carioca Pedro Antônio Gabriel criou, em outubro de 2012, a página “Meu Nome é Antônio”. Ele expõe sua arte feita nos guardanapos. Em menos de um ano, conseguiu em sua fanpage mais de 600 mil fãs.
O sucesso foi imediato e derivou o romance homônimo que está em sua quarta reimpressão. A obra é apresentada pela Editora Intrínseca no qual “Antônio é o personagem de um romance que está sendo escrito e vivido. Frequentador assíduo de bares, ele despeja comentários sobre a vida — suas alegrias e tristezas — em desenhos e frases escritas em guardanapos, com grandes doses de irreverência e pitadas de poesia”.
“A minha inspiração é só em relação à técnica criada por ele, o suporte (guardanapo). Não costumo acessar as redes sociais dele, porque não quero me influenciar pelo o que ele faz. Ele procura abordar os relacionamentos, enquanto meu trabalho fica focado em temáticas mais livres, que vão de encontro com que eu vivo, percebo e almejo”, compara Andréa.
Serviço
Instagram:@guardadosemguardanapos Contato: [email protected]
