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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Quatro em cada dez mulheres têm medo de negar exigências sexuais de parceiros

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Quatro em cada dez mulheres têm medo de negar exigências sexuais de parceiros, diz estudo

14/04/2019 07h28 – Por ONU

Quatro em cada dez mulheres em 51 países sentem não ter escolha a não ser concordar com as exigências sexuais de seus parceiros, informou na quarta-feira (10) o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Segundo a agência de saúde sexual e reprodutiva da ONU, estas mulheres também não têm a tomada de decisões sobre questões de gravidez e acesso a serviços de saúde.

A diretora do UNFPA em Genebra, Monica Ferro, disse que os números são “preocupantes”. Ela destacou a necessidade de aumentar o nível de consentimento e o acesso a serviços de saúde para milhões de mulheres no mundo todo. “Não se esqueçam: cada um destes números é uma pessoa”, acrescentou.

As informações, relacionadas a mulheres de 15 a 49 anos, foram publicadas pela primeira vez como parte do relatório “Estado da População Mundial 2019”.

Mortes por causas tratáveis relacionadas ao parto

O relatório estimou que 214 milhões de mulheres no mundo não têm acesso fácil a métodos contraceptivos por conta de obstáculos culturais e econômicos – apesar de sua disponibilidade cada vez maior.

Além disso, mais de 800 mulheres morrem diariamente de causas tratáveis durante a gravidez e o parto.

De acordo com a análise, a ausência de direitos reprodutivos e sexuais tem grandes repercussões negativas sobre a educação, a renda e a segurança das mulheres, fazendo com que elas fiquem “incapazes de moldar seus próprios futuros”.

Estas mulheres e meninas deixadas para trás “são tipicamente pobres, rurais e menos instruídas”, disse Ferro, acrescentando que “dois terços de todas as mortes maternas hoje em dia acontecem na África Subsaariana”.

Além da pobreza rural e urbana, necessidades não atendidas de serviços de saúde sexual e reprodutiva também são mais altas em grupos marginalizados – incluindo grupos étnicos minoritários – jovens, pessoas solteiras, pessoas LGBTI e pessoas com deficiências.

Casamento infantil

Os casamentos infantis continuam sendo um grande obstáculo cultural ao empoderamento de mulheres e a melhores direitos reprodutivos, segundo o relatório do UNFPA.

“Uma menina que se casa quando tem 10 anos provavelmente deixa a escola”, disse Ferro. “E como ela deixa a escola, ela não terá as habilidades de negociação, não terá as habilidades específicas que irão permitir que tenha um emprego de melhor remuneração”.

Além das preocupações econômicas, meninas que se casam precocemente enfrentam sérios riscos à saúde. “Se ela se casar aos 10 anos, a probabilidade é que começará a ter filhos antes que seu corpo esteja pronto para isso, sem falar sobre (os efeitos) sobre seu estado mental.

Isto também aumenta as possibilidades de complicações na gravidez e complicações no parto”, disse Ferro.

Aumento de infecções transmitidas sexualmente
Riscos adicionais à saúde causados por barreiras que impedem o acesso de mulheres a métodos contraceptivos também incluem 376 milhões de novas infecções por clamídia, gonorreia ou sífilis todos os dias, entre pessoas de 15 a 44 anos, acrescentou a diretora do UNFPA.

Apesar destas preocupações, o relatório do UNFPA destacou que milhões usufruíram de vidas mais seguras e mais produtivas nos 50 anos desde que a agência foi fundada, graças à pressão da sociedade civil e de governos para reduzir drasticamente gestações não desejadas e mortes maternas.

Destacando mudanças positivas na última metade de século, o relatório mostrou que em 1969 o número médio de partos por mulher era de 4,8, comparado a 2,9 em 1994. Hoje, o número médio é 2,5.

As taxas de fertilidade em países menos desenvolvidos também caíram significativamente neste período: de 6,8 em 1969 para 5,6 em 1994 e para 3,9 em 2019.

O número de mulheres que morreram de causas relacionadas à gravidez caiu de 369 a cada 100 mil nascimentos, em 1994, para 216, em 2015.

Além disso, embora 24% das mulheres usassem métodos contraceptivos modernos em 1969, a porcentagem aumentou para 52% em 1994 e 58% em 2019, segundo a agência.

Olhando para desafios futuros, a agência da ONU destacou a ameaça aos direitos reprodutivos de mulheres e meninas provocada por emergências decorrentes de conflitos ou desastres climáticos.

Em torno de 35 milhões de mulheres, meninas e jovens irão precisar de serviços de saúde sexual e reprodutiva vitais neste ano, assim como serviços para responder à violência com base em gênero.

“Todos os dias, mais de 500 mulheres e meninas, incluindo em países em cenários de emergência, morrem durante a gravidez e o parto por conta da ausência de assistentes de parto qualificados ou de procedimentos obstétricos de emergência”, disse Ferro.

Alertando que mulheres e meninas deixadas sem direitos reprodutivos decentes são incapazes de ter o futuro que querem, a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem, pediu para líderes mundiais se comprometerem novamente a garantir direitos de saúde reprodutiva e sexual para todos.

O primeiro compromisso foi feito na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, em 1994 no Cairo.

“Sem acesso, elas não tem poder para tomar decisões sobre seus próprios corpos, incluindo se ou quando querem engravidar”, afirmou Kanem.

No evento no Egito, 179 governos pediram para todas as pessoas terem acesso a assistência abrangente de saúde reprodutiva, incluindo planejamento familiar voluntário.

Ecoando este apelo, Judith Bruce, uma dos 15 “campeões da mudança” apresentados no relatório por suas influências positivas em direitos sexuais e reprodutivos, pediu para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável ser usada para levar investimento a locais onde casamentos infantis, coerção sexual e pobreza se sobressaem.

Em torno de 50 milhões de meninas de 10 anos nos países mais pobres do mundo enfrentam crescente pressão para “comercializar sexualidade e fertilidade” perante “as crescentes emergências climáticas, conflitos, deslocamentos, escassez”, afirmou Bruce.

Casamento precoce permanece um sério problema no Chade e na região do Sahel, na África. Foto: ONU/Eskinder Debebe

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