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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crenças limitantes impedem reconhecer potencialidades

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De acordo com o coach Iradj Roberto Eghrari, as crenças se tornam limitantes quando impedem alguém de ter uma visão de 360°, perceber melhor as coisas ao redor, entender a realidade e reconhecer as próprias potencialidades

21/12/2018 07h01 – Por: Maria Lucia Tolouei

Todo ser humano é como uma mina rica em jóias de inestimável valor (virtudes) mas nem sempre consegue identificar suas fortalezas por conta de crenças enraizadas, que afetam o modo de pensar, agir e reagir. De acordo com o coach Iradj Roberto Eghrari, as crenças se tornam limitantes quando impedem alguém de ter uma visão de 360°, perceber melhor as coisas ao redor, entender a realidade e reconhecer as próprias potencialidades. “Ou seja, crenças limitantes são aquelas que de certa forma nos cegam ou que agem como véus que se colocam sobre nossa visão e a deixam turva. Identificá-las e perceber que estão presentes em nossa vida resulta da percepção de que algo está errado e que a vida está emperrada e não conseguimos alcançar resultados desejados, seja na dimensão profissional, pessoal ou familiar”, explica Eghrari.

Segundo ele, é nesse ponto que entra o papel do coach. Através de perguntas bastante contundentes e da vivência de situações metafóricas, adotadas durante o treinamento, a pessoa pode perceber qual é a crença limitante que está por trás daquele comportamento ou da dificuldade para alcançar os objetivos. Iradj Roberto Eghrari é engenheiro eletrônico e mestre em engenharia eletrônica, bacharel em administração de empresas, pela PUC/RJ. É coach credenciado pela International Coaching Community e tem formação em compliance pelo Centro de Estudos em Direito e Negócios (Cedin).

Facilitador de palestras, workshops e seminários no campo do compliance e diversidade na iniciativa privada. Palestrante e consultor na área de ética, direitos humanos e valores humanos. Em janeiro de 2018 foi contratado pela Unaids – Brasil (Joint United Nations Programme on HIV/AIDS) para conduzir um programa de capacitação de jovens lideranças no campo do orçamento público e saúde. Gerente Executivo da ONG Ágere Cooperação em Advocacy, organização com sede em Brasília, DF. Sócio-gerente da Zuguni Gestão do Conhecimento. Membro do Conselho Acadêmico Consultivo Honorário da Escola Internacional de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul. Membro do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil – TB, e sócio fundador da organização em 2000. Foi membro do comitê interno que preparou o Código de Ética da Transparência Brasil.
A entrevista com este renomado coach internacional, Iradj Roberto Eghari, ganha relevância neste fim de ano, hora de rever conceitos, refletir sobre o que passou e planejar o futuro. É um presente do site DouradosAgora e do Jornal O Progresso para todos. Que 2019 seja ainda melhor!

Confira a entrevista.

Como o senhor define crenças limitantes? É fácil identificar e quais os sinais?

Crenças são aquelas certezas que temos a respeito de nós mesmos e a respeito do mundo, que norteiam nosso comportamento, nossas ações e nossas reações. Estas crenças se tornam limitantes quando nos impedem de termos uma visão de 360°, de perceber melhor as coisas ao nosso redor e entender melhor a nossa realidade e reconhecer as nossas potencialidades.

Ou seja crenças limitantes são aquelas que de certa forma nos cegam, ou que agem como véus que se colocam sobre nossa visão e a deixam turva. Identificá-las e perceber que estão presentes em nossa vida resulta da percepção de que algo está errado e que a vida está emperrada e não conseguimos alcançar resultados desejados, seja na dimensão profissional, pessoal ou familiar.

Enfim algo não vai bem, não há resultados e é difícil alcançar objetivos. Identificar as crenças limitantes é um pouco mais complexo, pois precisamos da ajuda de observadores externos que nos ajudem a ver os desafios em perspectiva. É o coach que através de perguntas que são bastante contundentes e no meu caso, através da prática que promovo da vivência de situações metafóricas é que a pessoa pode perceber qual é a crença limitante que está por trás daquele comportamento ou daquela dificuldade alcançar seus objetivos.

Por que é tão difícil abandonar esses limites? Tem relação com educação, cultura, religião? Quais seriam outros fatores?

A dificuldade em abandonar as crenças limitantes está muito relacionada ao nosso ego. Na verdade eu diria que a cultura, religião, educação moldam as nossas crenças. A dificuldade de abandonar uma determinada crença provém do apego a esta crença pois afinal são minhas crenças que sustentam a minha caminhada nesse mundo.

Há portanto aquelas crenças que destroem os nossos planos e só as abandonamos desenvolvendo nossa capacidade de auto-percepção e de autoanálise. Não é através de uma conversa, através de um “sermão” de que a pessoa tem que mudar que a mudança acontece. Conclui que através da vivência de uma metáfora, como proponho no meu livro, meus clientes passaram a perceber que há algo a mudar em seus comportamento e assim aprendiam a como superar a crença que os limitava.

Como quebrar essas barreiras que nos impedem de evoluir?

Para que possamos quebrar essas barreiras, que como você coloca, nos impedem de evoluir, é necessário muita vontade e um desejo de realmente transformar-se. Não adianta por exemplo oferecer um processo de coaching de presente para um parente ou um amigo se de fato a pessoa não quer mudar. O primeiro pré-requisito necessário é portanto o desejo de mudar, o desejo de romper com aquilo que nos imobiliza.

O segundo pré-requisito é estar disposto a enfrentar a dor do crescimento. Sabemos que quando somos adolescentes e começamos a crescer fisicamente, as nossas juntas doem! E portanto estar disposto a enfrentar a dor do crescimento é fundamental pois nenhum processo de transformação se alcança se não for através do esforço e daquilo que eu chamo de dor ou seja de sentir profundamente as implicações dessa transformação. Por fim, na minha perspectiva de trabalho como coach, o terceiro elemento fundamental é vivenciar aquilo que nos limita e perceber a crença limitante viva e clara, bem iluminada à nossa frente!

O que é preciso para mudar o foco, transformar um modelo mental arraigado e tocar a vida?

Atendidos os três pré-requisitos da pergunta anterior, o que é preciso para poder mudar o foco, nos transformarmos e tocar a vida para frente é ter um plano de trabalho. Ou seja, não basta apenas identificar as crenças limitantes: é preciso através do processo de coaching com ajuda do coach, definir um plano de trabalho e saber como é que eu saio da situação que eu me encontro hoje, que me limita, para uma situação desejada futura aonde eu sinto que todo meu potencial é capaz de ser alcançado. Este plano de trabalho é necessariamente definido dentro do processo de coaching.

Que fato o moveu escrever este novo livro “25 maneiras de abandonar suas crenças limitantes e ampliar seus horizontes”?

A ideia foi colocar em um livro algumas dessas vivências que os meus clientes passaram para encontrarem-se cara a cara com a sua crença limitante que os impedia de crescer. Como muitas dessas crenças limitantes são universais e senti que poderia ajudar várias pessoas que ao lerem o livro se identificarão com uma ou outra crença limitante e realizarão a vivência que proponho.

Por outro lado também outros colegas profissionais do campo do coaching podem se beneficiar do livro e utilizar livremente esses essas vivências no seu próprio trabalho de apoiar o seus clientes a encontrarem meios de alcançar o seus objetivos.

Em seu texto, menciona autoconhecimento. Muitos afirmam que é mais fácil olhar para o outro que para si mesmo. Qual o caminho?

Super verdadeiro isso de que é mais fácil detectar os defeitos, erros e dificuldades dos outros do que os nossos! O melhor espelho para que possamos nos ver refletido se assim nos analisarmos é exatamente o de nos encontrarmos cara a cara com aquilo que nos limita. O papel do coach é exatamente o de trazer esse elemento limitante à frente do coach.

Vejamos um exemplo: um cliente meu tinha uma dificuldade muito grande em ouvir o “não”. Receava que se fosse mais proativo seria repreendido com um forte “não” que viria de sua chefia. Dado este medo, que conscientemente não reconhecia, deixou de ser ousado e sofria muito bulling no trabalho.

O melhor caminho para superar a dificuldade de ouvir um “não” foi o de colocar um “não” forte à sua frente. Assim sugeri que ele preparasse um pequeno folheto de conteúdo qualquer e que fosse a principal avenida de sua cidade e lá distribuísse aos transeuntes o folheto olhando nos olhos da pessoa: somente poderia entregar um folheto a quem o olhasse nos olhos. Em 4h na avenida somente conseguiu distribuir 100 dos 200 folhetos que havia preparado e claro ouviu não até dizer chega! Com essa exposição intensa ao “não” ele percebeu que poderia de fato enfrentar um “não” que ele não sabia ainda como enfrentar no seu ambiente de trabalho!

O senhor é mestre em engenharia, formado em importante universidade do Rio de Janeiro. Algum fato impactante o fez enveredar para a literatura?

Até chegar a esta transição da engenharia para trabalhar com coaching e daí escrever um livro das experiências com meus clientes, passei durante boas décadas atuando no campo dos direitos humanos.

Foi a partir desse trabalho que percebi que no ambiente corporativo e empresarial havia um grande déficit a ser coberto para superar a discriminação, o bulling e as diferentes forma de assédio pois não incorporavam um viés de direitos humanos no cotidiano da empresa. Migrei então para consultoria a empresas nesse campo. E daí foi um pulo sair do coletivo para focar no individual, pois é na dimensão do indivíduo que começam os problemas, que depois reverberaram na dimensão coletiva. Nasce o Iradj coach e daí surge o livro!

De que forma a escola poderia contribuir à formação de cidadãos críticos, conscientes e melhor preparados para transformar a sociedade e construir uma cultura de paz?

É na dimensão da psicologia que conhecemos a fundo a psique humana e percebemos quais são os elementos que nos levam a construir a nossa visão de mundo, com que lentes vemos esse mundo e como enfrentamos nossos próprios desafios.

A psicologia portanto nos leva o autoconhecimento e é na transversalidade do currículo escolar que a escola pode explorar uma dimensão de disciplinas que nos propiciam oportunidades de vermos quem somos e como podemos respeitar a diversidade a partir desse autoconhecimento e ver a luz que brilha no coração de cada outro ser humano. Isto pode acontecer em língua portuguesa, estudando e interpretando textos.

Pode acontecer em história geral, conhecendo a nossa trajetória civilizatória e focar por exemplo em mitologia grega. E também temos a disciplina de filosofia em alguns currículos, e por aí vai. Assim, seremos capazes de construir uma sociedade que é baseada numa cultura de paz pois esta somente existe se nos respeitarmo-nos em nossa diversidade. Mas não somente aquele respeito distante, mas sim aproximarmo-nos do outro e celebrarmos a diversidade como sendo a beleza de um jardim multicolorido com flores multicoloridas.

Sabe-se que o senhor, também, vem atuando desde jovem na construção de comunidades. Pode contar um pouco sobre sua experiência?

O meu envolvimento no processo construção de comunidades onde a unidade entre todos seja firmemente estabelecida e todos possam através de um desejo genuíno se envolverem neste processo se deu na minha juventude através do meu envolvimento com a Comunidade Bahá’í. Ela é uma comunidade baseada nos preceitos espirituais de paz e fraternidade universal trazidos por Bahá’u’lláh no século XIX e que hoje se encontra estabelecida em todos os países do mundo.

O trabalho dos bahá’ís destaca a importância da educação espiritual das crianças aonde os valores humanos sejam semeados no seu coração desde sua terna infância; os bahá’ís também acreditam que os adolescentes e jovens constituem um patrimônio precioso para nossa sociedade não devem ser vistos apenas na dimensão aparentemente conflituosa das transformações por que passam e sim pelo fato de serem detentores de uma energia que pode ser colocada a serviço da comunidade; os bahá´ís convidam a todos para o estudo da palavra sagrada como fonte para encontrar caminhos para a transformação da sociedade.

E por fim, o elemento essencial nesse processo de construção de uma comunidade unida e em franca transformação é o papel da oração e da meditação em grupo, como elemento aglutinador de todos os membros daquela comunidade. Este trabalho se encontra aberto à participação de todos aqueles que desejam construir sociedades pacíficas, amantes da paz e aonde cada endivido possa colocar o seu potencial de serviço à sociedade em plena ação.

O que espera do futuro e quais são os próximos projetos?

Acredito que o futuro está sendo moldado por duas forças que atuam ao mesmo tempo: de um lado uma força que vem desconstruindo e de certa forma destruindo tudo aquilo que conhecemos como mundo estabelecido — as instituições políticas, sociais e econômicas que se veem incapazes de dar resposta aos desafios e dilemas da sociedade e o mundo vai ruindo aos nossos olhos; de outro lado, há forças que estabelecem novos padrões, novas perspectivas, novas visões de mundo baseadas em valores humanos. Minha aposta se encontra nesse segundo conjunto de forças. Uma colaboração que posso dar neste processo é ajudar as pessoas a verem melhor o seu próprio potencial e colocarem esse potencial a serviço da sociedade humana. Assim certamente em breve teremos volume 2 desse livro com novos relatos que estou coletando a partir do trabalho que realizo com meus clientes. Aguardem!!

Iradj Roberto Eghrari é membro do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil

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